sexta-feira, janeiro 09, 2009

Leminski diz por mim:

"Quando eu tiver setenta anos
então vai acabar esta minha adolescência

vou largar da vida louca
e terminar minha livre docência

vou fazer o que meu pai quer
começar a vida com passo perfeito

vou fazer o que minha mãe deseja
aproveitar as oportunidades
de virar um pilar da sociedade
e terminar meu curso de direito (sociais...)

então ver tudo em sã consciência
quando acabar esta adolescência"

Pois é, com 2012 chegando aí é que não acaba mesmo...

quinta-feira, janeiro 08, 2009

Já de volta, mas ainda com o coração em Aiuruoca, lembro-me de um amigo recitando Drummond:

"Cidadezinha qualquer

Casas entre bananeiras
Mulheres entre laranjeiras
Pomar amor cantar

Um homem vai devagar.
Um cachorro vai devagar.
Um burro vai devagar.
Devagar... as janelas olham.

Êta vida besta, meu Deus."

Pra onde corre toda essa gente? Atrás do que estamos indo?
Como considerar natural que as pessoas simplesmente não têm tempo pra viver, pois o trabalho ocupa quase 100% do seu dia?
Como achar que estamos no rumo certo sendo que as pessoas não têm tempo para a família, para conversarem umas com as outras sem que seja sobre assuntos diretamente ligados a trabalho?
O cotidiano das pessoas que se deixam ser engolidas por ele não lhes permite perceber os pequenos milagres que nos acontecem todos os dias. O fato da Terra girar em torno de uma enorme bola de fogo que flutua num universo infinito, e que é essa bola de fogo que alimenta tudo o que conhecemos como VIDA já poderia ser motivo para todos ficarmos estupefatos, maravilhados, boquiabertos e tudo quanto é adjetivo pra demonstrar um espanto espantoso. Mas, a maioria das pessoas não dá a mínima pra isso. Essa coisa maravilhosa que a Terra girar em torno do sol e de seu próprio eixo, nos dando o dia e a noite, se resume a um enfadonho cotidiano em que as pessoas esperam ansiosamente pelo final de semana, pelo feriado prolongado, pelas férias e finalmente, pela aposentadoria.
Putz! Não dá pra fazer isso com a vida não...
Nesse ritmo acelerado em que entraram as pessoas das grandes cidades (Uberlândia já é considerada uma grande cidade, é vero...), a maioria das pessoas nunca está onde gostariam.
Pra conseguir pagar as contas de tudo aquilo que nos fizeram acreditar que precisamos, nos submetemos a uma forma de vida que fecha a percepção para o fato de estarmos vivos, aqui e agora, participando de algo muito maior do que "sonha nossa vã filosofia".